A apresentadora da RTP continua a fazer um programa diário, que concilia com o acompanhamento dos filhos em casa.
Todos os dias, às 10 horas da manhã, Sónia Araújo entra-nos pela casa dentro. Ao lado de Jorge Gabriel, assegura a emissão do Praça da Alegria, o programa da manhã da RTP. Sem público presente e a maior parte dos convidados a participar via Skype, com uma minoria a ir a estúdio, e cumprindo as devidas distâncias de segurança. Uma forma de trabalhar diferente, mas com o mesmo objetivo ao longo de duas horas_ levar ânimo e informação credível às pessoas que estão em casa. Quando o programa termina, a apresentadora vai para casa, onde estão o marido, Vítor Martins, e os três filhos, Carolina, de 16 anos, e os gémeos Tomás e Francisco, de 11, que têm aulas online desde que ficaram em isolamento social. Um desafio para Sónia Araújo, de 49 anos, que se desdobra nos vários papéis que lhe são exigidos.
— O Praça da Alegria nunca saiu. Foi uma opção de todos os intervenientes?
Sónia Araújo — Sim, foi uma opção do canal, que, por ser uma estação pública, tem esta responsabilidade de serviço público, de estarmos na linha da frente em termos de informação, de entretenimento, e de estamos próximos das pessoas. Foi a nossa opção desde início, portanto o nosso trabalho nunca chegou a parar, mas claro que foi redefinido, porque deixámos de ter público, para segurança de todos.
— Já se habituou a não ter o calor, os sorrisos e as palmas do público em estúdio? Deve ter sido estranho nos primeiros dias...
Sónia Araújo — Estamos com saudades de fazer um programa normal com público,, abraçar colegas... Tudo isto nos faz muita falta e é muito estranho fazer este tipo de televisão.
— Como é que foi o processo de adaptação? Houve receios, ansiedades?
Sónia Araújo — No início estava um pouco desconfortável. Éramos muitos em estúdio e estávamos a apalpar terreno, porque ainda não sabíamos muito bem as consequências desta pandemia. Estava muito no início em Portugal, mas já estávamos com este medo. No entanto, assim que foram divididas equipas e se aplicou um plano de contingência, fiquei mais tranquila. Por exemplo, além de deixxarmos de ter público, e de em estúdio estarem equipas muito reduzidas, os convidados já não são maquilhados. Está apenas uma maquilhadora para maquilhar um apresentador de cada vez e levamos os nossos próprios produtos. Todas as questões de higiene estão devidamente acauteladas e mantemos o afastamento social.
— Também adaptaram o formato do programa...
Sónia Araújo — Sim. Por exemplo, para continuarmos a prestar um serviço de qualidade, com informação fidedigna e credível, temos convidados profissionais especializados, nomeadamente médicos. Em estúdio estão apenas dois ou três convidados e afastados de nós, e outros via Skype. No entretenimento,, temos dado mais sugestões de culinária, porque neste momento há muita gente a cozinhar diariamente, e também de exercício físico, para manter o corpor são e a mente sã. Para enfrentar a realidade e a dureza dos números que nos chegam diariamente de doentes com Covid-19, tentamos levar ânimo e esperança para desanuviar um pouco.
— E a nível pessoal, como é que está a viver esta fase para todos nós tão diferente da realidade que conhecíamos?
Sónia Araújo — Tudo o que está a acontecer apanhou-nos a todos de surpresa, tem sido tudo muito rápido, por isso estamos a adaptar-nos diariamente. Em minha casa, neste momento, só eu é que estou a trabalhar fora e os meus filhos estão a ter aulas online. A escola deles organizou-se muito bem e tratou disso de uma forma muito rápida.
— Gerir as obrigações escolares de três filhos tem sido pacífico? Eles estão a adaptar-se bem a esta nova etapa?
Sónia Araújo — Obviamente que para os miúdos ter aulas em casa não é a mesma coisa, é diferente não terem o professor à frente e manterem o mesmo nível de atenção. Para nós, pais, é um trabalho redobrado, porque temos de ser educadores e professores ao mesmo tempo, com tudo o que isso implica. E há até matérias em que já não estamos tão confortáveis, pois são dadas de forma diferente. É um desafio grande estar com os miúdos o dia todo, assim como também o é para eles. Temos todos de nos reorganizar e dar o nossos melhor.
— Tem sido então, um verdadeiro desafio...
Sónia Araújo — Sem dúvida. É um convite para as famílias se reencontrarem, para estarmos mais tempo juntos, e é uma ótima oportunidade para fazermos coisas que queríamos fazer e para as quais lamentávamos não ter tempo. Cá em casa temos feito muitas arrumações. E temos altos e baixos, como todas as famílias.
— É também gerir emoções.
Sónia Araújo — Sim, há dias em que estamos bem, bem-dispostos, e fazemos coisas divertidas todos juntos. Noutros dias já estamos saturados de estar entre quatro paredes e "aos encontrões" uns com os outros, mas temos de viver da melhor maneira e, sobretudo, aproveitar melhor destes momentos em nosso benefício, fazer coisas que nos alegrem e nos deem prazer. Algumas noites são mais bem dormidas do que outras, mas, de uma forma geral, sou muito otimista. Agora, a mensagem que se deve passar é a de que, embora tenhamos muita vontade de voltar a fazer reuniões familiares, de estar com os avós, de sair, ainda é cedo, ainda não dá para baixar a guarda. Fiquemos todos em casa e façamos videochamadas para colmatar as saudades.
— Sairemos disto pessoas diferentes?
Sónia Araújo — Parece que estamos a viver um filme de ficção científica e que no dia seguinte vamos acordar e está tudo bem, mas infelizmente é a realidade e temos de lidar com ela da melhor forma. Quando isto tudo passar, vamos ter muita vontade de voltar a ter uma vida normal, mas certamente que algumas coisas vão mudar, designadamente a forma como nos comportamos e agimos no dia a dia.
— Antes de tudo isto acontecer, teve a oportunidade de emprestar a imagem à marca Ana Sousa, de cuja campanha saíram esta fotos que publicamos. Já é mais do que uma relação profissional a que tem com a empresária que dá nome à marca?
Sónia Araújo — Sim, é sempre um privilégio trabalhar com a Ana e, neste caso em particular, trabalhar para a marca. Conheço a Ana há vários anos, conheço alguns elementos da equipa e a forma de trabalharem. Gosto de trabalhar com bons profissionais, gosto de ter voto na matéria, sou muito crítica, principalmente em relação a mim própria, e por isso correu muito bem. O resultados ficou bonito e acho que faz jus ao magnífico trabalho da Ana Sousa. E a Ana e a sua equipa estão de parabéns pela forma como a fábrica se reinventou com sta pandemia e está a fazer um trabalho louvável, como, aliás, muitas outras. Fazer fardas para profissionais de saúde é um exemplo maravilhoso.
Agradecimentos:
Maison Albar Hotel Le Monumental Palace Porto
